05 abril, 2016

Sobre relacionamentos e experiências

Quando tu é adolescente e termina um relacionamento, provavelmente pessoas mais velhas ou experientes vão te dizer as mesmas coisas: "isso passa", "daqui a pouco tu nem lembras mais" ou "logo tu conheces alguém novo" e o pior é que por mais que não aceitemos eles estão certos.

Nos primeiros dias, é impossível pensar na pessoa sem uma dorzinha no coração, é impossível evitar olhar as redes sociais dela para saber se está tudo bem ou se ela está tão mal quanto você. A sensação que fica depois que a pessoa amada vai embora é de que ninguém nunca vai preencher esse vazio, de que nunca vamos encontrar alguém igual. Por favor, mais de sete bilhões de pessoas no mundo e só uma é capaz de te fazer realmente feliz? Não sei como podemos pensar nisso, mas pensamos. Achamos, mesmo que por alguns segundos, que ficar sozinhas é nosso destino.

Mas deixa eu te contar uma coisinha: não é. Terminar um relacionamento pode ser a melhor coisa que já te aconteceu.

Até agora, entre outros relacionamentos com menos importância, houveram dois na minha vida que me fizeram realmente parar para refletir sobre ficar sozinha e quer saber? Ambos fizeram eu me amar cada vez mais.

Meu primeiro namorado era um machista terrível, ciumento obsessivo, controlador, mas eu tinha só 15 anos e nenhuma consciência sobre o feminismo (felizmente, isso mudou), então caia nos joguinhos dele e acreditava que se ele me deixasse, ninguém mais me faria feliz. Nunquinha. Até que ele me deixou.

Se tu não lembra como é terminar o primeiro namoro, deixa que eu te conto: tudo que tu quer fazer é chorar e, no meu caso, implorar para voltar. Eu sempre fui dessas, não largo o osso até que não tenha mais nada para roer. Não desisto até esgotar todos meus recursos. Tento até ter 100% de certeza que não há mais nada para que voltar.

Continuando: eu chorei, chorei por semanas. Parecia que nada era tão bom quanto a companhia dele e que minha vida só seria boa se ele estivesse comigo (e olha que não ficamos nem um ano e meio juntos). Sabe o que eu descobri? Que tinha sim alguém que me faria muito mais feliz com ele, alguém que faria minha vida ser a melhor possível: eu mesma.

Comecei a sair, no início pra atingir ele mesmo, pra ele achar que eu estava tocando minha vida e curtindo ao máximo. Infantil, eu sei. Só que eu comecei a gostar realmente de sair, voltei a ler meus livros, assistir minhas séries, voltei a ter tempo para mim e aproveitar minha própria companhia, até conhecer o segundo amor da minha vida.

Só para constar que esse papo de "o amor da minha vida" é besteira, não temos O amor, temos vários. Porque amar é acreditar que colocar a tua felicidade nas mãos de outra pessoa não é um erro, amar é confiar intensamente e não sei tu, mas eu confio intensamente em muitas pessoas, eu tenho vários amores na minha vida.

O relacionamento com o segundo amor da minha vida durou menos da metade do primeiro, mas me ensinou muito mais. Não vou entrar em detalhes, ele foi e é uma pessoa maravilhosa que num futuro próximo quero que continue do meu lado, mas chegamos ao ponto de haver mais mágoas do que qualquer outra coisa. Acontece. Não quer dizer que deixamos de nos amar, só precisamos nos afastar para nos recuperarmos. 

O segundo rompimento foi, de certa forma, mais fácil e mais difícil de lidar. Mais fácil porque tu já passou por isso antes e sabe que, uma hora ou outra, tudo passa, que não é só uma pessoa que vai te fazer feliz pro resto da tua vida, que terminar um relacionamento faz com que tu tenhas mais tempo pra ti e conheça pessoas novas, lugares novos, coisas novas. Mais difícil porque a tendência é sempre tu gostar mais da próxima pessoa com quem te envolveres (até porque, se fosse pra gostar menos que do anterior, pra que né?), mais difícil porque aquela angustiazinha que tu já tinha superado, aquela que te faz pensar que o teu destino é ficar sozinha, volta. Os sentimentos são mais ou menos os mesmos que os do primeiro término, exceto que tu chora menos e leva menos tempo para te recuperar. Fica mais fácil, eu juro.

Então, quando terminas um relacionamento, tens que pensar que chorar não vai trazer ninguém de volta, que implorar quando o outro não quer mais só vai fazer tu te arrepender depois. Outro dia, conversando com uma amiga, admiti que sempre corria atrás do meu ex tentando reatar, que eu não tinha isso de orgulho quando amava alguém e ela me disse que o orgulho às vezes é essencial para sabermos se a outra pessoa sente o mesmo que a gente. Corre atrás uma, duas vezes, a terceira é a vez do outro e, se ele não vier, bola pra frente. A melhor coisa para superar um término é ocupar a cabeça, seja com filmes, séries, livros, trabalho, estudo... Cada relacionamento vai te ensinar uma coisinha ou outra, seja relevar pequenas coisas, fazer pequenos sacrifícios, ser mais desconfiada, não aceitar o que te impõem, ver que não é só um que vai te fazer feliz. 

 Lembra: mais de sete bilhões de pessoas no mundo, sem O amor da tua vida.

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